sábado, março 27

“Se a minha imagem cansar isso sente-se nas audiências”

A apresentadora estreia esta noite ‘Depois da Vida’, TVI, e diz não ter “mágoas televisivas por resolver”. Quer manter-se no ar nos “próximos 150 anos” e gostava de repetir ‘A Noite da Má Língua’.
- A partir de hoje, e durante três semanas, vai ter dois programas em antena, ‘As Tardes da Júlia’ e ‘Depois da Vida’. Sente que, de alguma forma, a sua imagem é explorada?
O melhor termómetro é o público. Se a minha presença começar a cansar creio que isso se sente nas audiências. Para já mantenho-me na antena todos os dias com o meu programa e espero continuar assim nos próximos 150 anos. Também tem a ver com uma estratégia da própria TVI que consiste em apostar nos seus talentos.
- Gostava de apresentar outro género de formatos?
Gostava de voltar a apresentar o Festival da Canção, mas não posso porque é de uma estação concorrente. Contudo, tenho tido a sorte de, nas várias estações onde trabalhei, me oferecerem formatos muito diferenciados. Tenho a pretensão de achar que ainda fico por cá uns anos, por isso pode ser que ainda apareçam coisas novas, que ninguém consiga antecipar. Não tenho qualquer mágoa televisiva por resolver. Mas existem coisas que gostava muito de voltar a fazer, como um programa do género de ‘A Noite da Má Língua’, ou um formato relacionado com matérias criminais e de justiça.
- Como surgiu a ideia de fazer um programa como ‘Depois da Vida’, em que a médium britânica Anne Germain transmite mensagens do mundo dos mortos?
O produto foi-nos proposto, avaliámos e achámos que valia a pena dar a este formato uma lógica de evento, com três episódios. É um produto muito particular, que mexe com áreas tão sensíveis como a saudade e a memória. Há ali um momento que perturba as pessoas, que as emociona, que as leva para um plano que, de facto, tem a ver com convicções pessoais, com as crenças de cada um.
- Mas sem chocar...
Não queríamos, de maneira alguma, e essa foi sempre a nossa preocupação desde o primeiro minuto, fazer um produto de uma espectacularidade mórbida, que chocasse ou fragilizasse as pessoas. Optámos, deliberadamente, por fazer um programa com um registo muito sereno. É como se fosse uma performance televisiva. Tem emoção, claro, muita. Mas como é uma emoção que nos transcende, até porque não sabíamos o que poderia acontecer, existe uma enorme delicadeza e cuidado em relação aos convidados. Por isso optámos por fazer um programa confessional e intimista.
- Como se preparou para ‘Depois da Vida’?
Tive várias reuniões com a médium Anne Germain, para a conhecer um pouco melhor e, sobretudo, perceber a sua linguagem – a que ela chama linguagem espiritual – que é um pouco metafórica e precisa de ser descodificada. Depois assisti a algumas sessões privadas, para perceber como se processava. E, de facto, é um outro mundo.
- Esta experiência mexeu com as suas crenças pessoais?
Tenho um posicionamento de grande tranquilidade em relação a estas questões. Ainda não tive perdas significativas na minha vida e acho que foi isso que ainda não me levou a procurar outras coisas. Tenho a sorte de ter todos aqueles que amo comigo, graças a Deus. Ainda não senti necessidade de ir a uma outra fronteira do material e do palpável. Contudo, fiquei muito comovida com a reacção de algumas pessoas.
- Os programas já foram gravados. Houve algum momento mais constrangedor?
Não, de forma alguma. Aliás jamais deixaria que num programa alguém se sentisse constrangido ou minimamente afectado, fosse na sua dignidade ou no seu espaço privado de afectos, que é, de alguma forma, não diria mostrado, mas tocado. O programa é muito sereno e luminoso. Era fácil fazer uma coisa mais catártica, com maiores amplitudes emocionais e pessoas aos gritos. Isso seria muito fácil de fazer, mas não era o que queríamos.
- Participou no processo de selecção de convidados?
Sim. Os convidados foram escolhidos em função do seu interesse pessoal, pessoas que tinham perdido alguém.
- Alguma recusa?
Não. À excepção de uma pessoa que tinha sofrido uma perda recente.
‘DEPOIS DA VIDA’ EM TRÊS EPISÓDIOS: “AVALIÁMOS O INTERESSE QUE TERIA PARA OS ESPECTADORES”
‘Depois da Vida’ estreia hoje à noite e, ao longo de três programas, os telespectadores podem acompanhar o trabalho da médium britânica Anne Germain. A reacção do público ao formato ditará a sua continuação ou não. “O meu posicionamento em relação a qualquer produto que me é apresentado é avaliar o interesse que poderá ter, ou não, para os telespectadores”, afirma Júlia Pinheiro, que não conhecia o trabalho da médium: “Tínhamos a indicação que tem uma excelente reputação. Mas, sobretudo, não tem um aspecto assustador. Por vezes há pessoas nestas áreas que transmitem uma mensagem um pouco sombria. Não é o caso”.


CM

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