sexta-feira, fevereiro 26

"tinha de acabar, porque era incómodo"

O jornalista João Maia Abreu, ex-director de informação da TVI, acusou hoje o governo de ter interferido de forma indirecta na suspensão do noticiário apresentado por Manuela Moura Guedes. “Interferência directa não posso confirmar. Mas sabemos os dados que estão em cima da mesa. Quem abriu o jogo foi o primeiro-ministro quando atacou o jornal e o declarou seu inimigo”, defendeu.
"Percebi que o jornal tinha de acabar porque era incómodo. Fiz a ligação entre as referências públicas do primeiro-ministro e o fecho do jornal", apontou o ex-director de informação do canal que, ainda assim, assume que não ficou surpreendido com a decisão da administração. "Só fiquei surpreendido pelo timing, tão em cima das eleições. MAs já há muito tempo que sentia que era incómodo e que poderia ter um fim".
 Duranta a sua audição na comissão parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura – que averigua o exercício da liberdade de imprensa em Portugal – João Maia Abreu recordou a “pressão” feita porJosé Sócrates sobre o Jornal de Sexta. “Tenho vários dados sobre interferências do governo. Quando o primeiro-ministro vai à RTP ou a um congresso atacar o Jornal de Sexta… não me parece que sejam os locais indicados para defender-se. Tudo isso funciona como uma forma de pressão”, defendeu o jornalista.
Recusando a ideia de o noticiário de Manuela Moura Guedes ser “jornalismo travestido” ou “caça ao homem”, Maia Abreu garante que “todas as notícias publicadas eram consubstanciadas em factos e nunca foram desmentidas”. “Ética e legalmente era tudo bem feito”, disse.
Sobre as razões apresentadas pela administração para terminar o jornal, João Maia Abreu diz que as razões apontadas pelos administradores da Prisa foram de ordem "económica e de programação". "Mas a minha convicção não é essa", defendeu, deixando implícito que o objectivo seria "acabar com o Jornal de Sexta" para afastar Moura Guedes do ar.
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