domingo, janeiro 24

Mundo TVI na primeira pessoa - Paula Neves




Na fala, no olhar e nos gestos transporta a energia e a paixão pela representação. Depois de ‘Olhos nos Olhos’, prepara o regresso à TVI. Outra vez pela mão de Rui Vilhena, o mestre do suspense.



Correio da Manhã - Preparada para integrar o elenco da novela do Rui Vilhena?
Paula Neves - É verdade. Estou cheia de vontade. Apetece-me pegar outra vez numa história densa.
- Que sabe deste novo projecto?
- Nada, o que me deixa ansiosa. 
- Fernanda Serrano, com quem contracenou em ‘Queridas Feras’, é um dos nomes do elenco. Que expectativas tem para este reencontro?
- Estou excitadíssima. Somos do mesmo signo (Escorpião). A nossa natureza é semelhante.  Adoro a Fernanda e apetece-me muito contracenar com ela. Se bem que, numa novela do Rui, toda a gente contracena com toda a gente. Sei que a Fernanda também está cheia de energia e vontade de regressar ao trabalho. Fizemos as ‘Queridas Feras’, mas nesta novela vamos é ser uma feras! Está reunido um excelente grupo de trabalho.
- Na novela ‘Olhos nos Olhos’ apresentou-se com um visual sofisticado. Que balanço faz hoje dessa participação?
- ‘Olhos nos Olhos’ foi um ponto marcante em relação aos trabalhos anteriores. Porque exigiu de mim uma maturidade, em termos de personalidade da personagem, na postura, na inter-relação com outras personagens e também em relação ao visual. Uma maturidade que para mim era um pouco desconhecida. Em termos profissionais subi um degrau.
- A imagem exterior ajudou a  obter essa maturidade psicológica?
- Precisava de um visual muito  diferente, de me sentir mais velha, de cortar com o que já tinha feito até ali. E a transformação física era fundamental e aconteceu. Com aquele corte de cabelo e aquelas roupas eu senti-me diferente. E isso ajudou-me a perceber a vida glamourosa  daquela mulher, o seu comportamento físico tão diferente do meu, e a olhar para o José Wallenstein como o meu homem.
- Gostou do guarda-roupa?
- Adorei. Senti-me uma princesa. Não gostei foi da manutenção que o look exigia. Deu uma trabalheira. Todos os dias eu estava mais de uma hora a preparar-me para as gravações. De três em três semanas pintava as raízes dos cabelos, fazia madeixas. Dói, quando as morenas se põem louras! É um desgaste para o couro cabeludo.
- A Paula é muito prática?
- Muito. E fazer unhas de gel, madeixas, raízes, colocar pestanas postiças... Este trabalho de composição não se coaduna com o ritmo das gravações das novelas. Foi  muito exigente! Mas compensador.
- Compensador, porque fazer uma novela do Rui Vilhena era muito um desejo seu?
- Era tudo o que eu queria. Adoro o mistério e a tensão que ele cria. Sentia-me numa atmosfera de Agatha Christie ou Hitchcock,  duas referências para mim. Tive grande entusiasmo pela história e pela tensão nas cenas que percorreu a novela até ao fim. Não sei como é que o Rui, em 200 episódios, consegue manter o mistério e os sentimentos dúbios das personagens e fazê-las entrecruzarem-se todas. Isto dá uma dinâmica fora do comum à novela.

- Há alguma personagem que queira interpretar na novela de Rui Vilhena?
- Quero apenas uma personagem que mexa comigo, me faça vibrar. Estou nas mãos do Rui, e confiante, porque as personagens dele são sempre melhores do que qualquer coisa que eu quisesse criar. O Rui gosta de dar desafios aos actores.
- Aproveitou este intervalo para investir na formação?
- A formação específica de teatro foi uma coisa que procurei fazer sempre. É preciso aprender, renovar, reciclar...
- Este ano iniciou-se como formadora?
- Já tinha tido uma pequenina iniciação quando fiz castings aos miúdos para a NBP. E sentia-me muito bem a fazer este trabalho. Agora tive oportunidade de dar um workshop a jovens, dos 16 aos 23 anos. Gente que ainda não sabe se quer seguir a profissão, mas que pretende ferramentas para ir a castings.
- Ser formadora pode ser um caminho a seguir?
- Gostaria muito! Gostei imenso de dirigir, de lhes arrancar emoções, de assistir à evolução deles depois de lhe dar as ferramentas. Há um lado atrás das câmaras que me fascina.
- Como é agora fazer ficção para a TVI sem José Eduardo Moniz?
- A máquina continua a funcionar e o objectivo de Moniz era esse mesmo. Ele é um líder nato, um homem generoso e preocupado e nunca fez nada por forma a que alguma coisa dependesse dele. Nunca!
- Sempre acarinhou os actores?
- Tínhamos abertura para o contactar directamente se alguma coisa não estivesse bem. Gostei de trabalhar com ele e gostaria muito de o voltar a  fazer.
- Nunca fez cinema. Continua a achar o cinema português muito elitista?
- Continuo a ter sentimentos  ambivalentes em relação ao cinema português: adoraria fazer, mas incomoda-me saber que há uma vertente da minha profissão que eu não consigo fazer. Quando tento fazer castings para cinema ainda me falam do ‘Anjo Selvagem’... Isto é, ou não, ter uma visão redutora e mentecapta?
PAULA NEVES: CARREIRA
Nasceu em Lisboa há 32 anos. Licenciou-se em Sociologia e estreou-se na série ‘Riscos’ (RTP 1) em 1997. Participou em  novelas e séries até ser  protagonista de ‘Anjo Selvagem’ (TVI). No papel de Mariana, Paula Neves fez par romântico com José Carlos Pereira. A novela, com o número recorde de 365 episódios, começou a ser exibida em 2001 e só terminou em 2003. Paula Neves foi depois protagonista de ‘Queridas Feras’, no papel de Maria da Gama. A actriz integrou os elencos das séries ‘Diário de Maria’, ‘Conde d’Abranhos’ e ‘Estação da Minha Vida’, todas na RTP. Na SIC fez ‘Capitão Roby’. Paula Neves foi uma das protagonistas de ‘Olhos nos Olhos,‘ de Rui Vilhena. Fazem ainda parte do seu currículo telefilmes e várias peças de teatro.
MATERNIDADE: “TALVEZ CONCRETIZE O SONHO DE SER MÃE”
Aos 32 anos, Paula Neves revela que em 2010  “talvez concretize o sonho de ser mãe”. “Sinto que começa a ser altura para pensar no assunto. Antes tinha sido precoce, estava muito centrada na minha própria vida. Agora há espaço para uma terceira pessoa. Tenho a consciência da responsabilidade que é ter um filho e da mudança de vida que isso implica. Começo a pensar num filho como metade de mim e metade do Ricardo e acho maravilhoso”, diz a actriz. Prestes a fazer nove anos de casada, afirma: “Houve um aR (antes do Ricardo) e um dR (depois do Ricardo). A vida fez sentido ao lado do Ricardo: ganhei força, estabilidade, confiança e coragem para enfrentar a vida”.


CM

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